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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Histórias de quem gosta de ensinar...

Histórias de quem gosta de ensinar...
Rosalva Drummond

Atuando como professora regente, ao longo desses anos, vou percebendo que a Educação, um sistema tão antigo e ao mesmo tempo cheio de tantas novidades... Não digo da forma como ainda concebemos a organização escolar. Transmitir conhecimentos... Penso que esse modelo cauterizado em nós, não se resume ao conceito mais amplo de Educação.
Quando falamos em Educação lembramos logo da escola. Não que acredite ser a escola o único lugar destinado a educar e educar-se, longe disso. Acredito, no entanto, que seja um lugar privilegiado e não pode fugir desta missão.
Falo do dia-a-dia da escola, do cotidiano da escola, do cheiro de criança suada, da correria da hora do recreio, do falatório dos alunos nos corredores, desse movimento de inquietude tão típico do ser humano, ainda tão evidente nos pequenos e ousado nos adolescentes. Mesmo quando se trata de Educação de Adultos, é simplesmente emocionante vê-los como crianças na escola! Dos professores na hora do café... quantas leituras podemos fazer dos seus corpos, dos dizeres e não dizeres que nos dizem tanto.
Todo dia acontecem muitas Histórias de vidas na escola. A História de cada família se torna viva dentro da escola. Num emaranhado de culturas, de crenças e modos diferentes de entender a vida, representadas por cada dentro da escola, aluno, professor, inspetor, coordenador, merendeira, servente, quem nos visita, quem chega e quem sai...
Não há um dia igual a outro, cada dia é continuação de uma História que não é tecida apenas na escola... E as histórias se cruzam, se entrelaçam através de um movimento que não depende do professor, do diretor, do aluno e nem das famílias... Um pouco de cada história, fica na História do outro, configurando um novo modo de se sentir, se ver, ver o outro, perceber o mundo que nos cerca.
Esse movimento nos afeta, alguns se deixam afetar mais, outros tentam ser menos afetados, mas não há para onde fugir. Algumas Histórias nos afetam de forma mais marcante, deixam cicatrizes, outras são como um sopro do vendo, em ambos os casos, no entanto, sempre somos afetados pela história do outro.
O significado de História se dá neste texto, ao seu sentido é o mais amplo possível. São as memórias, o modo que encontrado para se viver baseado nas experiências e crenças dos sujeitos. Não há história mais importante, trata-se da História individual dos sujeitos anônimos que vão se constituindo uma História coletiva, sem heróis, apenas nós! Nós, poderia ser entendido sob a perspectiva de plural, mas também no sentido do nó, das ações atadas, da força ou talvez da imobilidade... São muitos os dilemas presentes no cotidiano da escola, quando se vive muitas Histórias, não existe território tranquilo.
Nessa dinâmica percebemos o quanto é fascinante a escola. Deixar se afetar pelas Histórias dos alunos nos faz crescer enquanto sujeitos comprometidos com um projeto de uma sociedade melhor. Ressaltando a necessidade de que se compreenda que sociedade é essa que tanto desejamos. Nessa configuração, a prática pedagógica deixa de ter um enfoque apenas técnico para assumir-se como prática política pedagógica.

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