Powered By Blogger

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada

“As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.”

Eduardo Galeano

Um comentário:

  1. E AQUELES QUE SE DIZEM ENCARCERADOS EM SUAS POSSILBILIDADES DE CONSTRUÍR E REDESTRIBUIR SABERES, SÃO NA VERDADE CÁRCERES DE SUAS PRÓPRIAS LIMITAÇÕES.
    SER MESTRE É ABDICAR DE UMA VIDA FRUTÍFERA MATERIALMENTE EM PROL DE UMA EDUCAÇÃO MENOS ALIENISTA .
    AOS QUE COMPARTILHAM O IDEAL DO ALTRUÍSMO, EIS AQUI GRANDES MESTRES,

    ResponderExcluir